Cizinho Afreeka
Dentinho Mr. Passista
Os Confrades
Nina Silva
Cizinho Afreeka
Dentinho Mr. Passista
Os Confrades
Nina Silva
No último Griotagem, realizado no Instituto Palmares de Direitos Humanos – IPDH, dia 28 de janeiro de 2013, mais uma página, no grande livro da resistência do povo preto, foi escrita. A chuva, que se anunciava desde a manhã, caia já no fim da tarde e prolongou-se até pela noite, mas as irmãs e irmãos compareceram ao Griotagem, assim como suas vibrações. Aquela segunda-feira fria não foi capaz de congelar os corações quentes, que exalavam calor, traduzido no clamor e protesto das poesias belas e ferozes recitadas no IPDH.
Acorrente que sempre acontece de início catalisa as energias, renova nosso compromisso, concentra e expande nossa fé. Todos de mãos dadas, em círculo, como se tivéssemos abraçando coletivamente nosso continente. Os trabalhos se iniciaram com o teatro de fantoches. Atividade que divertiu, informou e emocionou crianças e adultos ali presentes. Ela foi realizada pelos irm@s Vanessa Andrade, Thiago Kanu e Maicon Jackle. Após a apresentação foi exibido um filme, o curta “Maré Capoeira” que mostra a importância da capoeira na manutenção da tradição africana. Na sequência, o microfone ficou a disposição e as poesias foram surgindo… recitadas, cantadas, bradadas, até que o microfone chegasse as mãos da professora Conceição Evaristo, autora de contos, poesia e romances. Ela nos brindou com sua sabedoria fazendo a leitura de um de seus contos. A chuva ganhou harmonia perfeita com o toque do berimbau, a roda se formou e jogo começou. A Capoeira Angola rolava ao som das palmas, do berimbau, da chuva. E tivemos mais poesias até o final do evento. Foi mais uma noite de resistência, onde pretas e pretos se reuniram para afirmar África.
O prédio do IPDH, ainda abalado pelo incêndio que destruiu seu telhado e danificou o seu sistema elétrico e hidráulico, vem sendo o “terreiro” onde nossos encontros acontecem. Essa iniciativa de ocupação do IPDH é extremamente importante e fundamental, haja vista a injustiça que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, está cometendo com essa importante e histórica instituição do Movimento Negro. O Governo está tentando retirar o espaço do IPDH, que a mais de 20 anos realiza atividades em prol da comunidade negra. Não podemos tolerar essa covardia. A manutenção desse espaço é responsabilidade nossa!
Irm@s,
Todas as nossas construções só farão sentido quando construídas coletivamente e para a coletividade. Por isso, segue mais um poema coletivo escrito por todos que estavam no último Griotagem, dia 28 de janeiro de 2013. Nossa poesia coletiva ainda necessita de um título! Pedimos sua contribuição para batizarmos mais esse trabalho. Envie suas sugestões e opiniões através dos comentários. Confira abaixo a poesia coletiva.
…
Aqui se da a continuidade do eterno do que surgiu antes do universo.
A criação do povo negro, em busca dos novos direitos.
Ergo-te Zumbi, em vocês do tempo,
Por todo o tempo
Cor negra, cor inteligente levante!
Vivemos numa realidade anti-afrikana, anti-negra, sobre a supremacia do imperialismo branco, chamamos os pretos e pretas a união integral libertadora, que conduzirá nosso povo ao triunfo.
Áfrika é vida e poder
Resistimos a cada dia, a cada caminhar.
Vivo, vivo concertando o meu espelho,
Reluzindo a minha cor
Afirmando a minha raça
Ressaltando a minha graça
Vivenciando o que sou
Libertando quem sou
Nu mesti volta pa nôs terra, Afríca mesti di ses fidjus (Vamos voltar para nossa terra, a Áfrika precisa dos seus filhos)
Terra que nunca sai de mim
Fé
Tem que griotar, griotando… parafraseando um gênio da música, Jorge Ben Jor, em sua incrível Os Alquimistas estão chegando, que integra seu fabuloso trabalho A Tábua de esmeralda (1972), para informar que dia 15 de junho acontecerá o quarto GRIOTAGEM – encontro poético entre pretas e pretos – de 2012.
Quando o nome GRIOTAGEM foi criado, logo surge a necessidade de um verbo para exprimir a ação desse grupo. E esse verbo é griotar. Por isso, a menção a Ben Jor, que anunciou “tem que dançar, dançando”. E no Griotagem, vamos griotar, griotando. Para além do jogo de palavras, verbos e gerúndios, griotar significa exercitar nossa tradição africana, a tradição dos griots, tão relegada a nós africanos da diáspora. Griotar significa exercer a nossa comunicação em comunhão plena. Pois, para nós, a comunicação gera conhecimento. E se esses conhecimentos não forem compartilhados, não produzem resultados satisfatórios a nossa comunidade. A fala tem poder. Griotar é falar, é contar, é encantar. Encanto que nos remete a nosso passado, nos faz refutar o presente e conjeturar um futuro melhor para nossa comunidade.
Centrados em África, através da nossa experiência cultural e histórica, da nossa linguagem oral e literária, da nossa movimentação social, psicológica e expressões artísticas, vamos declamando poesias, sob égide de Thoth, conhecedor da linguagem divina, das artes, de Exu, a comunicação em si, o mensageiro, e de tantas outras divindades que nos remetem a nossa herança cultural africana, vamos griotar, griotando! Vocês gostam de poesia?
GRIOTAGEM
ENCONTROS POÉTICOS ENTRE
PRETAS E PRETOS
Sexta-feira, 15 de junho 2012 | A partir das 16h00
• 16h00 Oficina de PERCUSSÃO & DANÇA, com Marcos Odara e Mayra Mzuri
• 18h00 Oficina de CAPOEIRA, com Mallak Odé
• COLABORAÇÃO DE FÁBIO SIMÕES
Desenvolve pesquisa sobre a cultura Bantu, pesquisador de instrumentos africanos e músico
Local: SALA ABDIAS NASCIMENTO – UERJ – MARACANÃ
Rua São Francisco Xavier, número 524, nono andar, bloco F, sala 9061
Observação: As irmãs e irmãos que vierem para participar da OFICINA DE PERCUSSÃO querendo, podem trazer seus instrumentos.
Um ponto importante é se possível as pessoas levarem algo para comermos juntos, tipo frutas, biscoito, sucos, bolo e o que acharem legal de levar, tipo pó de café.
Photo Captionhttps://griotagem.files.wordpress.com/2012/06/griotagem_junho_web1.jpg?w=150
Imagem
—
Publicado: 01/06/2012 por Equipe em Uncategorized
Os percursos que fiz
Os que me forçaram fazer
Me trouxeram à você, outra vez
Tudo tentava arrancar de mim seus traços
Max, Weber, ferro
Adam Smith, formol
Platão, prancha
Mulheres brancas
Agora me lanço nos seus braços
Arranco raízes de pavor
A demonização de sua espiritualidade
Para ser eu mesmo
Não mas uma fração
Mas um continente
Autor: Cizinho Afeeka
Benção de Deuses
Autor: Oluwatosin Ayodeji Ayodele | copyrights@2011 ISBN Lagos Nigeria..